filosofia perene
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
devaneio insular
Se lançar em alguma coisa que desconhecemos. Não é esse o ato de viver? Estar constantemente mergulhando num poço do qual não se sabe o fim? Estar constantemente se debruçando num precipício e lançando seu corpo ao vento para, num suspiro, esperar por um milagre que tornará sua existência mais leve que o ar? Qual será a insustentável leveza do ser? Lutamos por corpos mais leves assim como lutamos pelo "abandonar a si", pois queremos nos desprender desse corpo assim como as folhas um dia se desprendem das árvores. Pois as arvores tem raízes que as atem ao chão, assim como o corpo tem pés e nos acorrentam à terra. Em matéria de pensamento, nos encontramos tão distantes de um significado para a vida tal como nossos pés se encontram longe das estrelas. Ainda assim, por devaneios, esperamos caminhar por entre estrelas quando, em verdade, estamos despencando dos céus e indo de encontro aos pés na terra. Ser apenas uma estrela cadente, é esta a tarefa urgente do ser que existe no homem.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
esboço para uma história da filosofia crítica
Renè e sua crítica da dúvida cartesiana:
Descartes costuma, comumente, ser lembrado pela sua postura cética no momento inaugural de sua filosofia. Esse ceticismo é, sobretudo, uma iniciativa natural do seu modo de pensar e abriga, no cerne de sua orientação, uma postura muito comum, e de certa forma original e embrionária, da consciência de sua época: a postura crítica. Descartes foi o filósofo que acolheu em suas reflexões os desdobramentos de sua época, a saber, a Revolução Científica. O movimento iniciado com os cálculos de Copérnico deu luz a uma nova Era do ocidente e apontou ao homem europeu o destino do horizonte vislumbrado pelo Renascimento. Neste litigante período histórico, não foi apenas o homem que perdeu seu lugar no mundo, mas sim o próprio mundo que deslocou seu eixo e ganhou novos fundamentos no pensamento científico racional em oposição ao pensamento teológico cristão. Agora esse mundo, antes fechado num sistema metafísico de revelações harmónicas herdadas desde a Antiguidade, havia sido aberto ao questionamento matemático e experimental do empirismo e racionalismo europeu. As dúvidas cartesianas são um reflexo dessa nova atitude perante a afirmação do mundo. Pois o filosofo faz uma volta a si mesmo e, dentro de si, procurar inverter as ciências admitidas até então e tentar reconstruí-las, oferecendo as um fundamento seguro, fundamento este que na sua filosofia ficou bem conhecida como o ego cartesiano. Mas na busca natural por um fundamento seguro ele não só põem em dúvida a realidade a sua volta, como também investiga a possibilidade de um campo seguro para a construção de uma ciência universal. É justamente neste “por em dúvida” que se efetiva sua atitude crítica. Duvidar de algo é por em crítica o seu conjunto de validades. Essa postura tende a ser reformadora na filosofia pois sugere um novo modelo de metafísica que se evidenciará no ideal cartesiano de scientia universalis. Era o berço de nascimento do homem moderno.
Descartes costuma, comumente, ser lembrado pela sua postura cética no momento inaugural de sua filosofia. Esse ceticismo é, sobretudo, uma iniciativa natural do seu modo de pensar e abriga, no cerne de sua orientação, uma postura muito comum, e de certa forma original e embrionária, da consciência de sua época: a postura crítica. Descartes foi o filósofo que acolheu em suas reflexões os desdobramentos de sua época, a saber, a Revolução Científica. O movimento iniciado com os cálculos de Copérnico deu luz a uma nova Era do ocidente e apontou ao homem europeu o destino do horizonte vislumbrado pelo Renascimento. Neste litigante período histórico, não foi apenas o homem que perdeu seu lugar no mundo, mas sim o próprio mundo que deslocou seu eixo e ganhou novos fundamentos no pensamento científico racional em oposição ao pensamento teológico cristão. Agora esse mundo, antes fechado num sistema metafísico de revelações harmónicas herdadas desde a Antiguidade, havia sido aberto ao questionamento matemático e experimental do empirismo e racionalismo europeu. As dúvidas cartesianas são um reflexo dessa nova atitude perante a afirmação do mundo. Pois o filosofo faz uma volta a si mesmo e, dentro de si, procurar inverter as ciências admitidas até então e tentar reconstruí-las, oferecendo as um fundamento seguro, fundamento este que na sua filosofia ficou bem conhecida como o ego cartesiano. Mas na busca natural por um fundamento seguro ele não só põem em dúvida a realidade a sua volta, como também investiga a possibilidade de um campo seguro para a construção de uma ciência universal. É justamente neste “por em dúvida” que se efetiva sua atitude crítica. Duvidar de algo é por em crítica o seu conjunto de validades. Essa postura tende a ser reformadora na filosofia pois sugere um novo modelo de metafísica que se evidenciará no ideal cartesiano de scientia universalis. Era o berço de nascimento do homem moderno.
Kant e a sua crítica da razão :
Em pouco mais de um século o mundo europeu vivenciou e abrigou um surto de inovações que se estendiam desde a esfera do conhecimento científico até ao âmbito das revoluções sociais e econômicas que implicaram, na Inglaterra, uma mudança da estrutura política inaugurando, assim, a vida política no mundo burguês. Passando pela publicação de “As Revoluções das Órbitas Celestes” de Copérnico até a “Principia Mathematica” de Newton ou pelas Revolução Puritana até Revolução Gloriosa, novos ideais começavam a movimentar a consciência do homem moderno, ideais esses que, tal como conhecemos hoje, ficaram marcados no movimento tido como Iluminismo. Na Alemanha, então inda um arquipélago político de principados, o Iluminismo, ou “Aufklarung”, enfrentava os problemas da metafísica iniciada em Descartes e refutada por Hume; isto é, assim como Descartes havia fundamentado todo pensamento moderno numa atitude racionalista, o espírito científico de Bacon de Verula havia instigado os pensadores John Locke e David Hume a refundamentarem o homem moderno num pensamento empirista. Era o “teatro de infindáveis disputas” entre os empiristas e racionalistas. No âmbito de um desenvolvimento da disciplina metafísica na filosofia, a missão do filósofo que há de suceder a esse embate, a filosofia de Kant, vai consistir em dar pleno remate e terminação a essa disputa da consciência moderna. É neste entrave que ascende a filosofia crítica de Immanuel Kant. A atitude crítica kantiana vai se constituir no que o próprio filósofo chamou de “tribunal da razão pura”; isto é, Kant visa apurar as questões levantadas pelos debates entre racionalistas e empiristas e para isso ele aborda o termo “critica” no seu significado grego: discernir, julgar. Dessa forma, o ideal da crítica na filosofia transcendental não é de condenar e acusar a razão humana, mas sim uma determinação ou distinção das suas fontes com referência aos seus âmbitos de aplicação e validade para poder, assim, avaliar o âmbito de validade da própria metafísica. É na originalidade desse projeto que Kant inaugura a sua “revolução copérnica” e desloca de eixo a matriz do conhecimento, antes situada no objeto, para o sujeito do conhecimento. Assim, pois, Kant encerrava um período da história da filosofia iniciada em Descartes. Era o fim da idade moderna.
Em pouco mais de um século o mundo europeu vivenciou e abrigou um surto de inovações que se estendiam desde a esfera do conhecimento científico até ao âmbito das revoluções sociais e econômicas que implicaram, na Inglaterra, uma mudança da estrutura política inaugurando, assim, a vida política no mundo burguês. Passando pela publicação de “As Revoluções das Órbitas Celestes” de Copérnico até a “Principia Mathematica” de Newton ou pelas Revolução Puritana até Revolução Gloriosa, novos ideais começavam a movimentar a consciência do homem moderno, ideais esses que, tal como conhecemos hoje, ficaram marcados no movimento tido como Iluminismo. Na Alemanha, então inda um arquipélago político de principados, o Iluminismo, ou “Aufklarung”, enfrentava os problemas da metafísica iniciada em Descartes e refutada por Hume; isto é, assim como Descartes havia fundamentado todo pensamento moderno numa atitude racionalista, o espírito científico de Bacon de Verula havia instigado os pensadores John Locke e David Hume a refundamentarem o homem moderno num pensamento empirista. Era o “teatro de infindáveis disputas” entre os empiristas e racionalistas. No âmbito de um desenvolvimento da disciplina metafísica na filosofia, a missão do filósofo que há de suceder a esse embate, a filosofia de Kant, vai consistir em dar pleno remate e terminação a essa disputa da consciência moderna. É neste entrave que ascende a filosofia crítica de Immanuel Kant. A atitude crítica kantiana vai se constituir no que o próprio filósofo chamou de “tribunal da razão pura”; isto é, Kant visa apurar as questões levantadas pelos debates entre racionalistas e empiristas e para isso ele aborda o termo “critica” no seu significado grego: discernir, julgar. Dessa forma, o ideal da crítica na filosofia transcendental não é de condenar e acusar a razão humana, mas sim uma determinação ou distinção das suas fontes com referência aos seus âmbitos de aplicação e validade para poder, assim, avaliar o âmbito de validade da própria metafísica. É na originalidade desse projeto que Kant inaugura a sua “revolução copérnica” e desloca de eixo a matriz do conhecimento, antes situada no objeto, para o sujeito do conhecimento. Assim, pois, Kant encerrava um período da história da filosofia iniciada em Descartes. Era o fim da idade moderna.
Schopenhauer e sua crítica do teísmo ocidental:
A filosofia kantiana acabou influenciando todo cenário filosófico e se ramificando nas doutrinas de Fitch, Schelling, Hegel e finalmente Schopenhauer. Este último configurou sua filosofia de uma forma bem diferente da de seu rival, Hegel. Na esteira da revolução copérnica, a filosofia crítica, ao ver de Schopenhauer, era uma filosofia de crise, que inalgurava na filosofia, depois da Antiguidade e Renascimento, uma nova época do pensamento europeu: “Todos sabiam que acontecera algo de grandioso, mas ninguém sabia exatamente o quê.” A filosofia de Schopenhauer era tida pelo próprio como a obra do pensamento capaz de encerrar a transição entre moderno e o pôs moderno. Pois Kant havia levado aos chãos não apenas o mundo medieval, mas, principalmente todo o conjunto de valores idéias que se julgava pertinente situar no cerne do pensamento tomista/agostiniano. O idealismo representava o foco central da crítica de schopenhauer pois ele significava, não só uma superação do realismo e do materialismo, mas também uma refundamentação epistemológica e uma crítica aos antiguíssimos preconceitos do teismo europeu. Tal projeto preconizado por Kant e estendido por Schopenhauer atendia pelo título de "crítica do teismo ocidental".
A filosofia kantiana acabou influenciando todo cenário filosófico e se ramificando nas doutrinas de Fitch, Schelling, Hegel e finalmente Schopenhauer. Este último configurou sua filosofia de uma forma bem diferente da de seu rival, Hegel. Na esteira da revolução copérnica, a filosofia crítica, ao ver de Schopenhauer, era uma filosofia de crise, que inalgurava na filosofia, depois da Antiguidade e Renascimento, uma nova época do pensamento europeu: “Todos sabiam que acontecera algo de grandioso, mas ninguém sabia exatamente o quê.” A filosofia de Schopenhauer era tida pelo próprio como a obra do pensamento capaz de encerrar a transição entre moderno e o pôs moderno. Pois Kant havia levado aos chãos não apenas o mundo medieval, mas, principalmente todo o conjunto de valores idéias que se julgava pertinente situar no cerne do pensamento tomista/agostiniano. O idealismo representava o foco central da crítica de schopenhauer pois ele significava, não só uma superação do realismo e do materialismo, mas também uma refundamentação epistemológica e uma crítica aos antiguíssimos preconceitos do teismo europeu. Tal projeto preconizado por Kant e estendido por Schopenhauer atendia pelo título de "crítica do teismo ocidental".
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
condições lúdicas
Numa imensidão escarlate pequeninas faíscas de luz pipocaram irradiando sua beleza para o firmamento celeste. Pequenos floquinhos de terra se aglomeraram e num movimento só compuseram a sinfonia do universo; um por um foram eles, como instrumentos conjugados, formaram os primeiros corpos que cirandaram no espaço em torno de uma força de luz chamada Sol. Então num inexprimível espaço de tempo o inexorável aconteceu: num desses astros algo peculiar, um milagre havia desabrochado: vida. Criaturas estranhas essas que caminhavam pela superfície do planeta. Criaturas estranhas essas que aprenderam a amar, e por amor buscaram entender os astros, as estrelas, os animais, as nuvens;mas só não entendia o ímpetos que os instigava a cada minuciosa investigação, fosse no campo celeste ou fosse na interioridade, não entendiam o próprio amor.
poderia ser esse um mito sublime do paradoxo da vida: sentir e entender. Poderia ser essa uma linda empopéia inventada por alguém sabido da sua própria natureza, mas nem por isso teria ilustrados o quão lamentável é essa condição humana. o que é essa condição que nos acorrenta à angústia de desfrutar do mais belo e sublime da vida, mesmo sendo um desfrutar volitivo e cego, carente de qualquer faculdade elucidativa? o sentimentos permeiam a vida tal como a água faz com o oceano ou tal como o ar faz com o vento: eles são em si a quintesséncia, a matéria constitutiva da cada passo, de cada sopro e de cada beijo. Eles são para nós o que é a música para a orquestra, o que são as cores para a pintura. Eis o paradoxo!!! TU não consegues, cara amiga, contemplar o abissal fundo do poço?! Não?!... não te preocupes, pois aquilo que se estende até o âmago de nossos sentidos passa por despercebido até aos olhos dos mais sábios. não queremos ser sábios, queremos ser artistas, pois o que é o artista se não o homem que deixou de ser homem para constituir-se na revolução criadora das idéias paradoxais lastradas nos sentidos carentes de razão, sentidos estes que dançam no campo como fazem o próprio vento que acaricia a grama e balança a copa das árvores? Espírito! Somos o espírito criador do homem, o eterno retorno ao suspiro sem beijo!
Contemples, pois, o paradoxo! os sentimentos são como o olhar que apenas intui, não enxerga; a mão que apenas sente, mas não toca; a voz que apenas grita, mas sem som. Eles são mudos, cegos e insensíveis, mas também, enxergam o invisível, agarram o abstracto e gritam o indizível. Paradoxo oceano sem fim! Sentir é intuir no espírito a certeza contemplada apenas aos olhos do cego que já se apaixonou ou aos ouvidos do mudo que já cantou!
Farei-me cego, farei-me surdo e mudo, mas nunca deixarei de sentir em ti a minha mão passear, minha mão acariciar e fechar os dedos em cada canto de seu corpo, sem nunca te tocar. tocar-te-ei com o espírito. Sentir-te -ei com o coração. Isso nós não precisamos entender, apenas sentir. è essa a beleza do paradoxo que nos transforma em quase homens: poetas.
poderia ser esse um mito sublime do paradoxo da vida: sentir e entender. Poderia ser essa uma linda empopéia inventada por alguém sabido da sua própria natureza, mas nem por isso teria ilustrados o quão lamentável é essa condição humana. o que é essa condição que nos acorrenta à angústia de desfrutar do mais belo e sublime da vida, mesmo sendo um desfrutar volitivo e cego, carente de qualquer faculdade elucidativa? o sentimentos permeiam a vida tal como a água faz com o oceano ou tal como o ar faz com o vento: eles são em si a quintesséncia, a matéria constitutiva da cada passo, de cada sopro e de cada beijo. Eles são para nós o que é a música para a orquestra, o que são as cores para a pintura. Eis o paradoxo!!! TU não consegues, cara amiga, contemplar o abissal fundo do poço?! Não?!... não te preocupes, pois aquilo que se estende até o âmago de nossos sentidos passa por despercebido até aos olhos dos mais sábios. não queremos ser sábios, queremos ser artistas, pois o que é o artista se não o homem que deixou de ser homem para constituir-se na revolução criadora das idéias paradoxais lastradas nos sentidos carentes de razão, sentidos estes que dançam no campo como fazem o próprio vento que acaricia a grama e balança a copa das árvores? Espírito! Somos o espírito criador do homem, o eterno retorno ao suspiro sem beijo!
Contemples, pois, o paradoxo! os sentimentos são como o olhar que apenas intui, não enxerga; a mão que apenas sente, mas não toca; a voz que apenas grita, mas sem som. Eles são mudos, cegos e insensíveis, mas também, enxergam o invisível, agarram o abstracto e gritam o indizível. Paradoxo oceano sem fim! Sentir é intuir no espírito a certeza contemplada apenas aos olhos do cego que já se apaixonou ou aos ouvidos do mudo que já cantou!
Farei-me cego, farei-me surdo e mudo, mas nunca deixarei de sentir em ti a minha mão passear, minha mão acariciar e fechar os dedos em cada canto de seu corpo, sem nunca te tocar. tocar-te-ei com o espírito. Sentir-te -ei com o coração. Isso nós não precisamos entender, apenas sentir. è essa a beleza do paradoxo que nos transforma em quase homens: poetas.
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